Iniciação - Capítulo 4


"Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros". João — Cap. 13, v. 35

Quem não pode servir desconhece a iniciação cristã. A mediunidade é uma ferramenta de trabalho do Bem, desde quando ela é submetida a uma certa disciplina. 0 dever primeiro do sensitivo é frequentar a escola do Evangelho, assimilar seus conceitos e disseminar a Boa Nova de Jesus Cristo, pelo exemplo a
que o dia-a-dia convida.

0 médium que não estuda adormece nos braços da ignorância e perde o caminho da verdade e da vida, até que o tempo, pela explosão da dor, o acorde. Se já trouxestes, ao nascer, a faculdade grandiosa de servir como instrumento para que os espíritos possam falar aos homens das verdades eternas e soberanas, eis a vossa oportunidade de ajudar, de emprestar a vós mesmos, de sorte que inteligências invisíveis falem aos que sofrem, aos encarcerados nas cadeias e nos vícios, aos desesperados, aos familiares aflitos, aos jovens sem rumo, aos velhos cansados, aos homens de negócios, aos ricos e pobres, grandes e pequenos.

A vossa meta já se encontra-definida. Nascestes para servir. E se porventura alguns medianeiros, influenciados pela vaidade, quiserem que os outros reconheçam neles a marca de servidores da coletividade, fazei o que o Cristo aconselha aos Seus discípulos, que João anota no capítulo acima referido: amai-vos uns aos outros, como Ele nos amou. Se o pedido constitui peso para a vossa conduta em formação, pelo menos esforçai-vos em amar, mas começai exercitando outras virtudes mais leves até chegar a este dom maior por excelência, que configura a presença de Deus nos corações dos iniciados na verdadeira caridade.

A mediunidade na Terra iluminou-se com a fala do Mestre. Ele orientou a humanidade, e principalmente os médiuns, de maneira a usar as faculdades a serviço da fraternidade na comunidade a que pertencem. Isolou o comércio dos dons espirituais, proclamando aos seus discípulos: "Dai de graça o que de graça
recebestes". E para tirar o medo dos iniciantes do Evangelho de passar necessidades das coisas, acrescenta: "Os lírios dos campos não fiam nem tecem e vestem-se com mais brilho do que os reis; as aves dos céus não plantam nem colhem, no entanto são sempre supridas pela natureza". Todavia, valorizou o trabalho, dizendo: "Todo trabalhador é digno do seu salário". Depois ensinou aos fariseus que deveríamos "Dar a César o que era de César, e a Deus o que era de Deus", mostrando, assim, as linhas de operação mediúnica dos candidatos â verdade, as paralelas das duas operações, as duas metas da própria vida: a física e a espiritual.

Não penseis, meus filhos, que-uma iniciação nas hostes do Cristianismo se faz de um dia para outro. Gasta-se tempo e contínuos esforços, sacrifícios inúmeros e subidas, sem precedentes, cuja soma significa muita dor. A Doutrina Espírita não faz médiuns, mas traça para eles caminhos, nos quais poderão ir se libertando dos laços milenários do ódio, ganhando e fazendo ganhar o amor; das presas da inércia, ganhando e conquistando o trabalho; da atmosfera do egoísmo, ilustrando a inteligência e os sentimentos no completo domínio dos impulsos inferiores, sempre abraçando a caridade, como sendo a porta central, por onde o sol de Deus banha o coração. E como o Senhor sabe planejar as coisas
e envolvê-las nas belezas imortais, a nos fazer compreender que não pode existir Espiritismo sem a própria mediunidade, ela é um canal por onde transitam as conversações de um mundo com o outro, instrumento imprescindível à sustentação dos seus conceitos. Ela é o aconchego, que a esperança da vida futura faz presente com mais clareza. Abençoemos, pois, essa faculdade, cujas raízes se encravam no complexo humano, a esplender nos sentidos psicossomáticos das criaturas.

A Doutrina Espírita empenhou-se na educação da mediunidade, servindo-se dela para a sua própria expansão. E o ser humano dotado de faculdades mediúnicas, que se entregou à iniciação Espírita, deve trilhar pelos caminhos indicados por ela, que convergem totalmente para o cristianismo nascente,
mostrando os meios e fazendo ambiente para os médiuns se renovarem a si mesmos. Antes de fazer parte de uma reunião a serviço desta própria mediunidade, lembrai-vos de perdoar as ofensas. Antes de falar algo como incentivo â caridade, fazei-a. Antes de estimular a vivência do amor, amai os vossos semelhantes.

Se a lei nos diz que os semelhantes atraem os semelhantes, assemelhemo-nos a Cristo ou, pelo menos, esforcemo-nos para ser Seus discípulos. Neste ingente trabalho, os agentes invisíveis do Mestre encontrarão em nós as qualidades indispensáveis para o serviço de Deus, servindo a Cristo, em favor da
humanidade.

Médiuns de todos os sistemas doutrinários! Se quereis ser conhecidos como discípulos de Jesus Cristo, observai essa conduta que não pode ser esquecida. Ei-la:

"Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros".

Extraído do Livro Médiuns. 4. ed. Médium João Nunes Maia. Espírito de Miramez. Editora Espírita Cristã Fonte Viva. 1987

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