Ouvindo o Sermão do Monte


Emmanuel 

Bem-aventurados os aflitos, desde que não convertam a própria dor em azorrague de recriminações sobre a face alheia.

Bem-aventurados os que choram,  desde que não transformem as próprias lágrimas em venenosa indução à preguiça.

Bem-aventurados os sedentos de justiça, desde que se abstenham de demandas domésticas ou de querelas nos tribunais, que apenas lhes agravariam os próprios débitos, ante a Lei.

Bem-aventurados os humildes de espírito, desde que não conduzam a própria modéstia ao caminho do orgulho em que se entregarão, desvairados, à crítica desairosa e à condenação sistemática dos companheiros que lhes partilham a senda.

Bem-aventurados os misericordiosos, desde que não façam da compaixão simples peça verbal, para discurso brilhante.

Aflição com revolta chama-se desespero. Pranto com rebeldia é poço de fel.

Sede de justiça, com reivindicações apressadas, é destrutiva exigência.

Singeleza com reproches à conduta alheia é sistema de crueldade.

Misericórdia sem esforço de auxílio é simples ornamento na boca.

Cogitemos de assimilar as bem-aventuranças divinas, sem nos esquecermos, porém, de que todas elas traduzem atitudes da consciência e gestos do coração, porque só no coração e na consciência é que se fundamentam os alicerces do glorioso Reino de Deus.

XAVIER. Francisco Cândido. Refúgio. Pelo Espírito Emmanuel. IDEAL. 1989.

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