Santa Bárbara (Inhaçã)
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Imagem veneranda de Santa Bárbara de Nicomédia |
Santa Bárbara, denominada na Umbanda de Inhaçã ou Iansã, pertence à quinta linha na qual se divide a Lei de Umbanda, chefiando a Legião que lhe deu o nome Legião de Inhaçã, tal como é considerada nessa Lei.
Reconhecida tanto na Lei de Umbanda como na Quimbanda como a Deusa do vento e da tempestade, é Inhaçã a defensora dos que padecem por vingança. É Inhaçã considerada entre os Orixás Maiores da Umbanda, e bastante acidentada foi a vida dessa entidade em sua passagem pela terra.
Festeja-se no dia 4 de dezembro a data gloriosa dessa santa mártir, que desencarnou no decorrer do século III.
Filha de pais pagãos, nasceu Bárbara na cidade de Nicomédia, na Bitínia.
De uma beleza sem par, e dotada de grandes dotes de bondade e de ternura, era Bárbara a verdadeira adoração de seu pai Dióscoro, o qual receava perder sua filha não só pelo mêdo de que fizesse um mau casamento como também pelo perigo que lhe causavam os adeptos do cristianismo que se propagava em larga escala.
Dióscoro resolveu encerrar sua filha, dando-lhe como morada uma torre, e cercando-a de exímios professores, com a missão de instruí-la nas ciências e principalmente, incutir-lhe no espírito o credo pagão.
Ao contrário do que imaginara, foi entretanto a resolução de Bárbara.
Com inclinações cristãs, a linda donzela desviou-se completamente do paganismo, ingressando no cristianismo, e, instruiu-se profundamente nos dogmas da nova seita.
Aparecendo para Bárbara um pretendente, não hesitou seu pai em dar-lhe a mão de sua filha em casamento, por saber tratar-se de um jovem de alta posição aristocrática. Entretanto, recusado pela donzela, deu-lhe seu pai um prazo relativamente curto para que de liberasse sobre a sua vida.
Tendo Dióscoro encetado uma viagem, e, ao regressar, sabendo da resolução inabalável de sua filha em contrariar-lhe os desejos, alegando que não desposaria um pagão visto ser cristã e esposada já com Cristo, enfurecido, impôs-lhe as seguintes condições: ou renunciar a Cristo, aceitando o casamento, ou a morte.
Firme entretanto nos seus propósitos, Bárbara não aceitou as condições impostas por seu pai. este, cada vez mais colérico e enfurecido, brandiu a espada para agredir sua própria filha.
Bárbara, para escapar a ira paterna refugiou-se em uma gruta, sendo porém denunciado o seu esconderijo por dois pastores que o revelaram a Dióscoro.
O pai de Bárbara, encontrando-a em oração, atirou-se qual uma fera sobre sua filha, arrastando-a pelo chão, presa pelos cabelos, submetendo-a aos maiores castigos.
Percebendo serem inúteis todos os esforços para que a linda donzela renunciasse aos seus desígnios, Dióscoro entregou Bárbara ao governador Marciano, para que se procedesse de acordo com a lei.
Por ordem de Marciano foi Bárbara terrivelmente espancada com tiras de couro, ficando-lhe o corpo uma verdadeira chaga. A seguir, foi atirada a um cárcere para que morresse.
Resistindo, porém, aos sofrimentos, e, segundo a crença católica, sendo curadas as feridas por um anjo, voltou Bárbara à presença do governador o qual, julgando ter sido a donzela restabelecida devido à assistência dos seus deuses pagãos, ficou completamente admirado.
Bárbara entretanto assediando suas palavras, expôs-Ihe que não haviam sido os deuses de barro os responsáveis pela sua cura, e sim o Deus Cristão, Senhor do Céu e da Terra.
Mais indignado ainda, Marciano ordenou que a martirizassem, e novos suplícios foram infligidos à torturada jovem.
Amputaram-lhe os seios, queimaram-lhe terrivelmente o corpo, e, despojada de suas vestes foi conduzida perante a multidão para que a escarnecessem e insultassem.
Finalmente, tendo sido por Marciano pronunciada a sentença de morte, coube ao próprio pai de Bárbara, que a pedido seu, lhe concedesse o governador a graça de ser ele o carrasco de sua própria filha, e de dar-lhe o último golpe.
Ao descer da montanha, após ter consumado seu hediondo crime, ainda com as mãos tintas do sangue inocente de sua vítima, foi Dióscoro surpreendido por uma tremenda tempestade, e, um raio fulminou-o incontinenti.
Foi o castigo implacável que baixou sobre a terra, para eliminar o perverso coração de um pai que não hesitou em tornar-se o algoz de sua própria filha.
Santa Bárbara, tendo atingido o grau máximo da escala espiritual, deixou-nos entretanto bem claro o exemplo da dignidade, do sofrimento material e do amor a Deus.
(Extraído do livro: O Espiritismo no Conceito das Religiões e a Lei de Umbanda, 3. a edição)
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